Havia um homem que queria o mundo a girar à sua volta.
No princípio era fácil, e foi aprendendo a lidar com as pequenas contrariedades da vida.
Mas o seu mundo girava cada vez mais rápido e queria cada vez mais atenção, louvor, glória e honra.
Os obstáculos eram agora muitos, e já lhe faziam frente.
Lembrou-se então, que a melhor forma de vencer era a de colocar os obstáculos a lutarem entre si. Desse modo ficaria mais livre para conquistar o mundo inocente.
Mas os obstáculos não lutavam entre si porque se amavam e se compreendiam.
Então o homem lembrou-se, “vou dar a minha imagem aos meus obstáculos, assim lutarão entre si pensando que sou eu” e assim o fez.
O amor e a compreensão ficaram ofuscados com a imagem do homem, e dividiram-se.
O homem ficava cada vez mais cheio de si com tudo aquilo que atraía para a sua dança, e multiplicava a sua imagem em tudo o que podia.
Um dia, entrando em si, o amor faiscou, e um obstáculo viu a imagem do homem que se colocou no lugar da vida, e a imagem queimou-se. E o obstáculo voltou a ser pessoa, e procurou os que estavam amarrados pelo egoísmo de um.
O amor continua a faiscar, mas são poucos os que têm a coragem de olhar para si e projectar novamente a face do amor.
Victor Vaz da Silva